quarta-feira, 19 de junho de 2013

O POVO (GIGANTE) ACORDOU

Atenção, atenção! Interrompemos nossa programação para um comunicado individual e parcial sobre as manifestações que estão ocorrendo por todo o país. 

Eu sempre fui uma pessoa mega cética, que só tirou o título de eleitor aos 16 anos porque precisava do documento pra fazer a matrícula da faculdade e que só fez a transferência dele de Jales pra São Paulo uns 6 anos depois (e aí parou de ter a desculpa de sempre justificar o voto).
 

Vergonhoso?
 

Posso falar? Nunca liguei.
 

Nunca acreditei no potencial do Brasil de “tomar jeito”, de um dia de me dar orgulho e me fazer cantar o hino nacional com gosto.
 

Sempre falei que achava que o país só teria solução se um dia tudo explodisse e começasse do zero e que o que eu queria mesmo era fugir daqui pro exterior.
 

É o que eu realmente acreditava e também a minha desculpa pra não me interessar por política e não me sentir nem um pouco culpada por nem saber quem é o atual vice-presidente do Brasil (já sei, já sei, o Michel Temer, o Marcelo me contou esses dias, tipo na semana passada).
 

Não era falta de cultura, mas sim de interesse, somado a um desânimo total com o meu país.
 

É por tudo isso que, na 2ªf, quando uma amiga do trabalho veio me falar que estava morrendo de vontade de ir à manifestação daquela noite e que vários amigos dela iriam, eu achei um absurdo.
 

Mas poxa, ela faz uma faculdade legal, estuda, morou fora do país, por que quer se misturar com esse bando de desocupados?
 

Bom, cada doido com a sua, deixei pra lá.
 

E por um acaso, eu fiquei até mais tarde na agência, vendo as notícias na TV que alguém tinha deixado ligada.
 

E o que eu vi foi uma coisa bem diferente do que eu esperava.
 

Uma quantidade absurda de pessoas na rua, em paz, protestando por diversos assuntos, não só por R$ 0,20, mas por uma insatisfação geral e uma vontade de mudar as coisas que eu achei que ninguém mais tinha ou levava a sério.
 

Aquilo foi me fazendo questionar um pouco a minha postura e me dando vontade de ir lá, pro meio da bagunça, pra ver qual era a daquelas pessoas.
 

Bom, resumindo a ópera, ontem lá fui eu, no 6º Ato, pra Praça da Sé, andar até a Avenida Paulista junto com milhares de outras pessoas.
 

Pra reclamar de um aumento de R$ 0,20 no preço do ônibus? Num movimento organizado por um grupo que prega que o transporte público deveria ser gratuito?
 

Óbvio que não!
 

O transporte público é pago no Brasil e na maior parte das cidades do mundo, o problema é a qualidade do nosso transporte, que só fica mais e mais caro, mas não faz com que eu possa deixar o carro de lado e ir trabalhar de metrô/trem/ônibus.
 

Mas o ponto principal não é esse e nem vale entrar nele. Se alguém quiser uma visão legal sobre isso, vejam este post.
 

O ponto é que eu vi uma geração aprendendo a sair do Facebook e protestar. Uma geração que eu sempre julguei apática e conformada, e que sempre usei como desculpa pra ser apática e conformada.
 

E também uma geração de policiais aprendendo a agir nesses casos.
 

E ainda, uma geração de políticos aprendendo (alguns) a estar do outro lado da manifestação.
 

E como isso é do caralho foda (sim, merece o palavrão)!
 

Como foi foda subir a Brigadeiro e ver velhinhas na janela agitando panos brancos em apoio à manifestação.
 

Como foi foda estar na Avenida Paulista e ligar pra minha mãe ir me encontrar lá, sem me preocupar com a segurança dela.
 

Ouvi-la dizendo que estava emocionada e surpresa, por nunca ter achado que a minha geração poderia ter uma atitude desse tipo.
 

E como foi mais foda ainda cantar o hino nacional embaixo do vão livre do MASP lotado e, pela primeira vez, sentir orgulho por fazer parte dessa população.
 

Mas, depois, como foi triste chegar na minha casa, ligar na Globo News, e ver comentariozinhos implícitos de que os manifestantes não têm uma agenda política pra estarem nas ruas reclamando.
 

Agenda política? Sério?
 

Vamos fazer assim? Parem de roubar e de tratar as pessoas como idiotas com PEC 33, PEC 37, Ficha “Suja”, CPI’s que não levam a nada e sei lá mais o quê. Sim, é o básico, mas acho que com isso já começaremos a ficar mais satisfeitos. Depois, sobre o resto, a gente conversa.

E eu realmente torço pra que isso não seja só um fogo de palha sem reflexo nenhum nas nossas urnas.
 

É pedir muito?