quinta-feira, 5 de julho de 2012

ONDE FICA JALES MESMO?

Nesse feriado eu vou pra Jales (pra quem é de outro estado, o dia 9 de julho é feriado em São Paulo, marcando o início da Revolução Constitucionalista em 1932).

Pegar o coitado do meu namorado paulistano e fazê-lo virar sexta-feira à noite revezando na direção comigo por 600 intermináveis quilômetros, cruzando o estado de São Paulo até quase a divisa com o Mato Grosso do Sul. E fazer tudo isso ao contrário pra voltar 3 dias depois.

O clássico de ter nascido em Jales é ouvir: "Jales? Nunca ouvi falar, onde fica?"

Rodovia dos Bandeirantes, no km 168 (acho) cai pra Rodovia Washington Luiz, anda mais uns 300km, cai pra Rodovia Euclides da Cunha (com duplicação só em alguns trechos e cheia de obras e caminhões), anda mais uns 120km e aí chegou. 

Quando a gente vê o nome da cidade numa placa pela primeira vez, dá até vontade de chorar (de alívio).

 Rodovia Euclides da Cunha

Eu já mencionei Jales várias vezes no blog (mais precisamente aqui, aqui, aqui, aqui e aqui - caramba, como eu falo de Jales, hein?) mas nunca expliquei realmente a cidade, então o foco hoje é esse.

Pra começar, Jales é uma cidade nova, com pouco mais de 70 anos de fundação, então o pessoal mais velho, os “avós” de todo mundo, foi pra lá por um motivo. 

Alguns por causa da agricultura, outros pelo comércio emergente (por ficar num entroncamento de rodovias, a cidade era “caminho” pra muita gente) e por aí vai. 

Enfim, história a parte, atualmente Jales é uma cidade com cerca de 50 mil habitantes, a cerca de 580km de São Paulo e com os aeroportos comerciais mais próximos a pelo menos 100km de distância. 

Existem três escolas particulares, com uma turma de colegial por ano em cada uma, dois clubes principais (o Jales Clube e o Clube do Ipê) que quase não são frequentados (exceto pelo pessoal que vai jogar tênis), umas três ou quatro baladas (que não abrem todo final de semana), duas praças principais (a Praça da Fonte, porque nela, obviamente, tem uma fonte que eu não vejo ligada há uns 15 anos; e a Praça do Jacaré, que sim, tinha um jacaré gordo, mas que morreu recentemente, coitadinho). Ah, e pra aplacar o marasmo, eu calculo que tenha umas 45 locadoras de DVD. 

Mas não vamos cuspir no prato que a gente comeu, né, minha gente. 

Crescer em Jales foi ótimo (mesmo!). 

Meus pais me levavam para e me buscavam da escola todos os dias. Almoçávamos juntos. Jantávamos juntos. Todos os dias. Eles me ajudavam a fazer a lição de casa. Quintal grande, cachorro, patins e bicicleta na rua. Brincar em construção (sério, quem nunca brincou em construção perdeu muito!). Pegar gato de rua e levar pra casa. 

Ir com uns 7 anos de idade no mercadinho da esquina comprar cigarro (meus pais eram presentes, mas nunca falei que eles eram politicamente corretos e nem que não eram folgados com os filhos). 

E hoje ir pra lá é melhor ainda, porque a gente acaba valorizando coisas que não dava bola antes. 

Caipiroska a R$ 4 (prometo e ainda provo na foto lá embaixo! Ah e já mencionei que é gostosa?). Comida da vovó. Sair sozinha e sempre encontrar algum conhecido pra bater papo. O céu escandalosamente azul e o clima quente em 350 dias do ano. O rancho (pra vocês entenderem, seria tipo uma casa de campo, mas na beira do rio). Invadir um dos clubes de madrugada pra ir no balanço. Voltar a pé pra casa de madrugada. Churrasco feito pelo papai. Cachorro relaxado por ter espaço pra correr. Amigos tocando a campainha sem avisar. Rede. Silêncio. 

Pães & Cia

Varanda da minha avó 

Mas vamos deixar essa parte bucólica de lado e falar de uma das bizarrices divertidas de Jales, o outdoor de ponta cabeça bem na entrada da cidade (está lá há quase 1 ano, juro!).

Entrada da cidade

Mas isso não importa. O que importa é que Jales está prestes a entrar para a história. 

Recentemente, descobriu-se que uma rede americana de cafés havia copiado descaradamente o logo de um lugar de Jales e estava expandindo por todo o Brasil sem a menor vergonha na cara. 

É isso mesmo, pessoal, tenho o prazer de lhes apresentar ela, a primeira, a original, a magnânima... Bule Cafeteria!

Fachada da Bule Cafeteria 

Tem coisas que só rindo mesmo, viu. 

Mas confesso que eu sempre volto pra São Paulo meio tristinha, por mais que já esteja absurdamente adaptada aqui e jamais tenha considerado voltar pra lá. É decididamente o lugar que eu tenho pra chamar de casa. 

Então vamos deixar a preguiça (e o vício no 3G) de lado e começar a preparação, porque a viagem é longa, mas juro que pra mim compensa.

6 comentários:

  1. Parabéns, muito bonito o que escreveu, tem toda a razão em ter saudades de lá. Todos tem!!!

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  2. Você esqueceu do lanche na praça! Sério, depois da família é do que eu mais sinto falta de Jales...

    Ah, eram dois jacarés e eles não morreram, foram levados para um zoológico (acho que de Araçatuba) depois de denúncias de maus tratos :/

    Também vou pra lá feriado, mas só no sábado que virar a noite nunca dá certo aqui em casa, hehe

    Beijoss!

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    1. Gordos daquele jeito e eram mal tratados? rs
      Nossa, juro que não sabia, tinha lido em algum lugar que tinha morrido...
      Podemos marcar alguma coisa por lá, vou estar super sem fazer nada da casa da minha avó.

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  3. Adorei Gi, sempre fico com preguiça de ir mas quando estou lá falta vontade de voltar para SP e não por preguiça! Amigos, de infância, família, coxinha a 1 real hahaha, liberdade para andar na rua com segurança a hora que for, falar que em 5 minutos está na casa de uma amiga e realmente estar, ficar horas lembrando histórias da infância e da adolescência, e sempre o gostinho de quero mais!
    Bjs

    Nati Mazzi

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  4. Depois que vim pra cidade grande e comecei a frequentar a casa dos amigos daqui, que são de fora (Petrópolis, Minas, SP, etc) e vieram estudar/morar em Niterói/Rio, sempre pensei em levar meus amigos pra minha. A questão é: o que fazer com eles em Jales?

    Levá-los pra Rio Preto? Mas eles são da capital e um shopping não impressionaria...

    Levá-los pro rancho seria uma opção razoável, mas que fica mais gostoso quando em turma maior.

    Levá-los pra Quintaneja em Fernandópolis? No fucking way!, eles me matariam e se matariam.

    Ir na Pingo de Mel, na Abeledos, caminhar na rua do Jales Clube... Tudo leva um dia pra ser feito. E aí, o que fazer nos outros 4 dias? Porque dirigir 1200km pra um "oi"/"tchau" também é fogo, né.

    Sugestões?

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    1. Eu acho que a gente tem que assumir o que Jales é. E lá é uma cidade pequena, com poucas opções de lazer, em que ter uma turma faz toda a diferença e a natureza é animal.
      Por isso eu recomendaria sim o rancho, com mergulho no rio e aluguel de jet ski (na marina tem e dá pra matar uma tarde brincando), churrasco, voltinha na praça, caipirinha da padaria, caminhada pro Jales Clube. Tudo aquilo que a gente fazia mesmo e achava comum, mas que pra quem não viveu, se torna um programa.
      Quando eu vou pra lá com o Marcelo, fazemos exatamente isso: churrasco na casa do meu pai, visita ao Jehad, caipiroska na padaria, Abeledos e rancho.
      E nada de Quintaneja pelo amor de Deus!!!

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